06.04.14
O CIENTISTA E O INQUISITOR: IRMÃOS?
Sérvio Pontes Ribeiro
O rigor científico é a base de seu sucesso. O conhecimento aceito e difundido no mundo, que fundamenta nossas tecnologias fortemente liberadoras de Carbono, se considera a única também capaz de anular seus efeitos negativos. Afinal, há fortes paradigmas fundamentados por experimentação e testes de hipóteses, verificação de nulidade, validação matemática e corroboração via repetição em distintos cenários. Se descoberto assim, é válido!
O mundo ocidental, de fato, só experimentou outro mecanismo tão eficiente de separação do certo e do incerto: a Inquisição. A metodologia científica moderna descobre enormes coisas e só o faz por causa deste método. Não questiono o método, mas o cientista. Afinal, a fé não criou a Inquisição, foram os Padres! Hoje, o cientistas define o que é ciência, e não o conhecimento da Humanidade!
A questão toda fica naquelas coisas que a metodologia científica não tocou, ou estará naquelas que os cientistas ocidentais não tocaram e não quiseram que fossem vistas, pois foram tocadas e descobertas por outros que não... eles!?!? Senão vejamos, inclusive com uma forte interligação na nossa visão ocidental da ciência e sua conexão secreta com a Inquisição: se a Igreja Católica enterrou e arrasou a maioria do conhecimento científico da Idade Média por tratá-la como heresia, porque mesmo assim só sabemos os nomes dos antigos cientistas europeus, quando estes de fato só resgataram o conhecimento desenvolvido muito antes ou no Oriente ou no mundo árabe? Faça um teste, pergunte-se por que sabe quem é Ptolomeu e não sabe quem é Abu Maachar?
Continue pensando em Astronomia e faça outro teste, que não dependa da sua própria educação, mas da atual "educação flutuante coletiva" (=internet) e me fala, onde foi feito o astrolábio? Entre no grande oráculo a palavra e descobrirá no Wikipédia e outras páginas similares que foi feito na Alexandria nos primeiros Séculos depois de Cristo. Entre na busca as palavras mundo árabe e vai descobrir, via professores de segundo grau (e não cientistas) que pode ter sido criado na Alexandria, mas foi aperfeiçoado no mundo árabe, de onde foi levado para a Europa.
Quer um exemplo mais extravagante e próximo de nós? A maioria dos estudantes de Biologia vão estudar ou aprender sobre um ou dois naturalistas ingleses ou franceses que estudaram as florestas brasileiras na época da colonização e Império. Porém, desafio-os a me dizer de cara um nome de um naturalista de enorme importância para o entendimento de nossa natureza... português!!! Deve ter havido, não deve? Em verdade, algumas das mais importantes descobertas de Auguste Saint Hilaire lhe custou apenas uma expedição de pilhagem a Lisboa, na época da ocupação bonapartista... ainda tem isto, roubamos! Descobriria este nome sozinho?
Ignoramos o que ignoramos, e não o que não é válido. Humildade nesta trilha temerosa, crianças!