14.10.14
Café da manhã com Nature
Sérvio Pontes Ribeiro
Semanas intercaladas de campo, e uma pilha de Nature atrasada: Vol 512, agosto 2014
News in Focus cai como uma luva para nós no sudeste brasileiro. Fala da seca na Califórnia, que é um problema já a muito agravado, e que pode ser o cenário que encontraremos nas décadas que virão, em especial se não houver um retrocesso severo na devastação do Pará (uma nota de esclarecimento, sobre um dado tão querido em épocas de eleição: diminuição em TAXA de desmatamento é desmatar proporcionalmente menos em relação ao que já se desmatou. Em especial, é uma medida do desmatamento continuado e não deve ser celebrado! O que pode mudar nosso quadro hídrico quanto às chuvas que vinham da Amazônia são taxas negativas, ou seja, restauração florestal em áreas devastadas). O texto apresenta investigações da seca sobre os ecossistemas e não sobre a sede humana, e o quadro assusta. A questão toda é que uma seca desta, seja lá, na região oeste costeira da Austrália (Perth) ou aqui, se dá sempre em áreas já muito degradadas e com diversas fragilidades funcionais e espécies sob risco. Alexandra Witze apresenta algumas conclusões de Phillip van Mantgem (USGS, California) sobre riscos sobre as sequoias gigantes e ações de manejo para diminuir a intensidade e frequência de fogo (exatamente como o governo de Minas está fazendo, só que não! Não temos governança nem para prever o por do sol, no atual [dês]governo) . Na verdade, o ano de 2006, último ano com uma seca severa como agora no sudeste brasileiro, mas menos intensa) culminou com uma elevada mortalidade de candeias em algumas regiões de florestas montanas de Minas. O que ainda é pouco entendido é como a seca matará espécies de árvores. Porém, é fato que com secas severas e mais frequentes, muitas espécies florestais não conseguirão sobreviver, e teremos sim uma mudança ecossistêmica que vai se somar a um processo que retroalimenta a crise.
O que as mulheres querem do seu sexo? Esta resposta, no que tange as mulheres humanas, infelizmente está além da capacidade analítica da ciência moderna, mas quanto à fêmeas de Drosophila melanogaster, algum explicação já existe. O texto de Leslie Griffith na News&Views, sobre três pesquisas recentes mostra que conjunto de elementos extrínsecos ajudam o cérebro das moscas a tomarem decisões difíceis, como quando e com qual macho copular. Me chamou mais atenção um dos aspectos intrínsecos descobertos: uma fêmea que copulou recentemente fica indisponível, mesmo diante de um macho aparentemente melhor. Isto se daria pela transferência da SP, pepitídeo do sexo, do macho para fêmea via líquido espermático. O mais interessante por traz desta descoberta são suas implicações evolutivas. Para a fêmea, embora comum entre insetos a competição de esperma dentro do canal reprodutivo, esta sempre trás algum estresse fisiológico para a fêmea, podendo chegar ao limite da contraprodução. Este mecanismo elimina competição de esperma da equação, e preserva a integridade da fêmea. Para o macho, tal fenômeno premia seletivamente aspectos menos ligados ao vigor do macho, mas profundamente relacionados à sua sobrevivência. Se quem ganha é quem encontra a fêmea primeiro, está sendo selecionado quem tem melhores habilidades em buscas, o que pode ser aplicado para alimentos e sítios de oviposição. Esta última parte, especulação minha.