04.06.11
Casos da Bahia 2 - a extinçao da Palomitas Sumatra: vamos acabar com os tabacos brasileiros de qualidade?
Sérvio Pontes Ribeiro
Abaixo segue um trecho da página (http://www.bahiaflaneur.net/blog2/2010/09/cigare-et-bahia-un-couple-qui-dure-1.html), sobre a elevada qualidade técnica das cigarrilhas Palomitas, produzida pela recentemente extinta CHABA, da Bahia. A empresa foi, literalmente tratorada pela ANVISA, que destruiu estoques e estruturas, como se a fábrica produzisse maconha! Além de tabaco de qualidade, a fábrica, de porte pequeníssimo diante das grandes produtoras de cigarros de papel, pólvora e tabaco transgênico com altíssimos níveis de nicotina, gerava empregos diretos e indiretos que chegavam a 15 mil pessoas.
Os leitores usuais devem estar estranhando um biólogo, defensor de causas ambientalistas, sociais etc, está aqui se dispondo a defender uma fábrica de cigarrilhas e charutos. Mesmo sendo um sabido consumidor destes produtos, se não fosse, talvez tomasse esta posição, por razões bem simples.
Primeiro, sempre que um produto, fato, cultura, for combatido de maneira massacrante pela imprensa e poderios econômicos, desconfie. Tabaco faz mal, mas chumbo da gasolina também, agrotóxico mais ainda, produtos químicos de limpeza, REFRIGERANTES, açucar refinado, fazem mal demais, independente da dosagem de uso, e são liberados para crianças!
Assim, sem tentar entender que diabos há de tão pior no tabaco industrializado, pois de ruim, há sim muitas coisas, tento salvar uma milenar interação homem-planta, que vai se perdendo neste processo.
Tabaco é medicinal, é xamânico, tem efeitos positivos neurológicos (ninguém fuma para morrer, quem não fuma não sabe o que há de bom na nicotina, mas há) quando ingeridos da forma certa, e assim o foi por centenas de anos. E a forma ingerida era exatamente as folhas puras, secas e enroladas. Sem papel tratado quimicamente, sem anéis de pólvora, sem aditivos, como os “caretas” tem.
Assim, uma outra razão para falar deste abuso, é que por fazer “veneno”, a CHABA fica indefensável. Mas a verdade é que produção de cigarros não é proibida, e as taxas que a ANVISA passou a cobrar levou ao fechamento os produtores pequenos, comprometidos com qualidade, com a produção de puritos e charutos, feitos de forma tradicional, com variedades trazidas de Cuba. Enquanto isto a Souza Cruz vai de vento e popa, suportando taxações excessivas, e espalhando cigarros de qualidade profundamente duvidosa no mercado. É como se taxações sobre bebidas alcoólicas fechassem os produtores de puro malte na Escócia e deixasse blends falsificados paraguaios circulando, ou fechasse as pequenas cachaçarias de altíssima qualidade, de Minas Gerais, e deixassem a 51 envenenando a população.
Este sim é um risco real, não só à saúde pública, mas ao direito de busca de produtos legais de qualidade. Imagina se a AMBEV apóia a ANVISA e lá vamos quebrando Beckers, Devassas, Cerpas, e fiquemos à mercê de Bhramas e Skols venenosas, cheias de aditivos químicos e outros lixos? Isto serve para orgânicos x transgênicos, serve para tudo que é bom x tudo que é ruim!
Isto não dá. Se tabaco é legal, a ANVISA não pode quebrar os produtores de alta qualidade e manter os vendedores de mata-ratos por aí. Isto é retrocesso dos mais absolutos possíveis.
O texto, original, em francês, sobre este extinto produto brasileiro de exportação, destruído abusivamente pelo pode público:
“Fernando Fraga est corpulent et fume six cigares par jour, en ce mois de septembre 2010. Celui qui a travaillé pendant tyrente ans pour l’un des plus célèbres fabricants de cigares de Bahia et du Brésil, Suerdieck*, marque centenaire qui ferma en 1999, semble pourtant en forme. Depuis 1998, le natif de São Félix, qui fait face à Cachoeira, s’est associé avec Roberto Barradas de Almeida et Dorette Meyer pour fonder l’usine Chaba, dans la ville d’Alagoinhas, au nord de Salvador. L’entreprise emploie soixante-trois personnes, après avoir démarré avec trente ouvriers, puis connu une apogée en 2002 avec plus d’une centaine d’employés… Les feuilles de tabac utilisées, pour le marché interne, sont plus claires que celles du marché classique de Bahia, car les cigares sont ainsi “considérés plus légers”. Entre les fameux “barreaus de chaise” Don Pepe et le dorénavant centenaire cigarillo Palomitas**, la marque vient de lancer un “blend” Pimentel Exportação…
* Marque qui fabriqua jusqu’à 180 millions de cigares l’année 1956. (photo Fernando Vivas).
** M. Fraga a racheté a l’ancienne fabrique Suerdieck le droit d’user le nom et la marque de leur plus fameux cigarillo. »