20.06.11
Sobre a evolução da crueldade familiar à guerra.
Sérvio Pontes Ribeiro
O blog do Stephen Kanitz há um excelente texto sobre as razões ecológicas para Abraão ser testado por Desu com a oferta de seu filho em sacrifício. Muito interessante a interpretação histórica desta lenda, à luz da biologia evolutiva e ecologia de populações. Sacrificamos a diversidade genética em uma crise de alimentos, mas preservamos a fecundidade média do grupo. Ou seja, em todos estes sacrifícios o alvo é o macho. Afinal, se estamos vivos em uma crise alimentar é porquê já somos os melhores genes para estas condições extremas. Assim, se não há comida para todos e se basta um macho para fecundar todas as fêmeas, matava-se um dos machos, de preferência um adolescente que ainda não luta nem ajuda tanto!
O extremo organizado e institucionalizado deste processo em todas sociedades primitivas é a guerra. A guerra original preserva a estrutura tribal básica, e manda os homens jovens para um processo de seleção natural óbvio e cruel: ou mata ou morre. Expandindo mais ainda, a real barbárie então é a violência contra mulheres e crianças! Portanto, se a violência tem um componente evolutivo que é cercado de ritos e tabus, que a mantém dentro de uma esfera controlada da disputa entre machos excedentes, a violência descabida, imoral, televisiva e de entertenimento que é promovida por Holywood e todas as redes de televisão abertas do mundo, é o nosso bioindicador de colapso breve?