16.09.13
CORSÁRIOS FAMOSOS DA ECOLOGIA E DA ENTOMOLOGIA
Sérvio Pontes Ribeiro
Dentro deste princípio, sempre houve corsários brilhantes. Aproveito o ensejo do novo blog para celebrar estes velhos marginais e não desanimar os novos pretendentes, para que não desistam dos ágeis pequenos navios. Listarei aos poucos, embora digo que a maioria com que convivo, de fato o são. Comecemos pelos antigos:
Alfred Russel Wallace - Sim, claro! Em uma época que a ciência convencional era atividade da nobreza, um filho da classe trabalhadora/comerciante não tinha muito espaço. Teve a oportunidade de estudar e ler, e foi construir sua história de naturalista em expedições pelos trópicos para montar coleções entomológicas e vender na Europa (ainda hoje, no IBISCA, alguns dos pesquisadores ainda levam espécimens avulsos para vender à colecionadores, e assim pagar suas despesas de viagem. Pasmem, mas boa parte do IBISCA também corsários são, e não tem emprego formal em ciência, embora publiquem na Science ou em revistas invariavelmente de topo). Das suas histórias creio que a mais fascinante de imaginar eram os encontros no rio Negro com Henry Bates (do mimetismo). Cada um vinha de um lado da bacia, onde ficavam meses coletando, depois encontravam perto de Anavilhamas, abriam suas coleções e faziam um longo período de debates e formulações de hipóteses sobre os padrões geográficos observados. Anos depois da publicação conjunta do Origem das Espécies, Darwin foi pessoalmente à Rainha e lhe conseguiu um emprego na Academia, mais especificamente na Royal Society. Embora devidamente ancorado, ele foi um controverso e alternativo cientista até o final. Entre seus feitos, está seu envolvimento na campanha contra a vacinação, na época que a vacina estava em teste, recém-criada. O princípio da cautela, que hoje põe muitos em embate justo contra os transgênicos, foi seu modus operandi, aparentemente!
Dêem uma olhada em http://wallace100ufes.wordpress.com/ para outras infos.
Wallace, até pelas origens sociais similares na Inglaterra, inspirou enormente o nosso contemporâneo Roger Kitching – Roger largou o mainstream britânico em troca pela Austrália, indo de cara para uma universidade de menor porte. Brilhante ecólogo, ele recebeu e orientou outro corsário que largou uma orientação no Imperial College, com John Lawton, e veio a ele: Yves Basset (apresento suas corsarisses outro dia). Embora hoje em dia a Griffith University seja uma universidade grande e competitiva, com excelentes estatísticas científicas, ainda não é parte do “Group of Eight”, os Almirantados acadêmicos australianos. Entretanto, sem dúvida nenhuma é uma universidade de grande destaque regional e científico dado o grandioso trabalho de vida inteira de pesquisadores como o Roger, Nigel Stork e outros, nas mais diversas áreas.
Na próxima, William Hamilton e Jonathan Majer.